Redes de Dados

Os endereços IPv4 estão acabando e agora?




Muito se fala que os endereços IPv6 estão chegando, porém fica a sensação que nunca chega.

Muitos esforços se tem feito, mas adesão esta abaixo do esperado, por conta de alguns impasses e para entendermos o porque da demora, faz-se necessário saber o porque da necessidade do uso de IPv6 e para isso precisamos voltar na história para entendermos todo o contexto.

E assim tudo começou em meados de 1969, o mundo estava vivendo o período da Guerra Fria onde de um lado tínhamos a União Soviética e do outro os Estados Unidos, durante esse período aconteceu uma corrida tecnológica, onde aquele pais que tivesse mais tecnologia teria mais vantagens, e com isso surgiram diversos avanços e dentre eles a Internet, cuja ideia era oferecer a comunicação entre as bases militares.

A Internet desde então evolui até chegar em 1993, onde se iniciou a sua exploração comercial, graças ao desenvolvimento do protocolo HTTP. Isso fez com que as empresas tivessem interesse em veicular propagandas e banners com o intuito de atingir a população através de conteúdo.

Desde esse momento em diante a Internet não deixou de crescer, mais afinal como funciona a Internet, a resposta é:
A internet funciona no modelo TCP/IP de cinco camadas onde se divide as tarefas para que ocorra a comunicação, que são realizadas pelos protocolos que vão se encaixar em cada uma das camadas.

 

tcp-ip_camadas

O protocolo IPv4 entra justamente na camada de rede, onde o protocolo IP tem a função de dar nome a rede, identificando os dispositivos com um endereço para cada máquina.

Da maneira como foi criado, o protocolo IPv4,  possibilita realizar 4.3 bilhões de combinações ou endereços, e é justamente ai que esta o problema, com base no crescimento da Internet frente aos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, logo fica evidente que não existe endereço suficiente para todos os habitantes da Terra.

Contudo a um agravamento do problema frente a política de distribuição de IP´s, baseada em Classes onde geram um enorme desperdício:

 

classes_ip

 

Para melhor entendimento de como ocorre esse desperdício, vamos supor que Redes fossem como Empresas e Hosts fossem como quantidade de máquinas numa empresa, assim uma empresa com 250 máquinas corresponde a Classe C, porém com o passar do tempo esta mesma empresa compra mais 10 máquina, chegando a possuir naquele momento 260 máquinas, logo para manter todas as máquina com endereço válido na Internet, a mesma terá que adquirir mais endereços IP, passando a corresponder a Classe B, porém essa Classe fornece 65.536 endereços para essas máquinas, ou seja haveria uma sobra de 65276 endereço que ficariam ociosos neste empresa, gerando um enorme desperdício.

Enquanto isso, gestão cuida do planejamento, desenvolvimento, execução e monitoramento das atividades de acordo com a direção definida pela governança com o intuito de obter os objetivos.

Desta forma pesquisadores do mundo todos se reuniram para propor uma solução para resolver esse problema de desperdício. Esse grupo de pesquisadores chegaram a três soluções possíveis:

A Primeira delas CIDR, ou seja o fim do uso de Classe e uso de blocos de tamanhos apropriados, disponibilizando a quantidade exata de endereços IP conforme a necessidade do usuário;

Uma segunda solução seria a adoção de DHCP, alocando endereços IP dinamicamente, permitindo o rodízio no uso de IPs e a

Terceira solução, a aplicação de NAT, onde uma rede de computadores usaria apenas um endereço de Internet válido, porém essa técnica traria algumas restrições.

Todas essas ideias geraram economia nos endereços IPv4 porém não o suficiente, mais não passaram soluções paliativas porque a Internet estava em franco crescimento e assim permanece nos dias atuais, impulsionado ainda mais pelas Internet das Coisas (Iot).

Para resolver de vez esse problema de escassez dos endereços IPv4, os pesquisadores voltaram a se reunir e decidiram criar um novo protocolo, nascia neste momento o tão comentado IPv6, com capacidade de endereçamento de 128 bits frente 32 bits do IPv4, ou seja quatro vezes mais.

Foram ainda introduzidos no IPv6 correções a problemas que o antigo IPv4 possuía como simplificação do formato do cabeçalho, suporte a cabeçalho de extensão, capacidade de identificar fluxo de dados e suporte a autenticação e privacidade.

Com a mudança de endereçamento de 32 bits do IPv4 para 128 bits do IPv6 a capacidade foi para:
340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 endereços, ou seja, quase uma internet inteira para cada estrela no universo.

Assim a representação dos endereços ficaram assim:

  • Endereços
    • IPv4
      • 189.187.42.122
    • IPv6
      • 2101:0FC8:F1CA:D1CA:1234:BABA:BEBE:BABA
  • URL
    • IPv4
      • http://210.102.100.212:80/blablabla/
    • IPv6
      • http://[2101:12AF:0:4::22]:80/blablabla/2]:80/blablabla/

A escala de representação do IPv6 foi alterada, pois como vimos, o IPv4 para representar 32 bits utilizava quatro campos (octetos) para IPv6 seriam necessários 16 campos, e isso dificultaria bastante o uso no dia a dia, por isso a escala foi alterada de decimal para hexadecimal, distribuídos em oito campos, compondo então os 128 bits.

 

ipv4-x-ipv6

 

Com a criação do IPv6 houve outras mudanças, com relação ao IPv4, assim foram removidos seis campos do cabeçalho IPv4, outros quatro tiveram seus nomes alterados e seus posicionamentos modificados. Foi incluído ainda o campo de Identificador de Fluxo e outros três campos do antigo IPv4 foram mantidos no IPv6.

Com essas mudanças fica evidente que o IPv6 não é compatível com o IPv4 diretamente, e assim durante a sua implantação optou por continuar operando com o IPv4 num primeiro momento e adicionar IPv6 aos equipamentos em paralelo ao IPv4.

No momento que toda Internet estivesse funcionando com os dois endereçamentos o IPv4 seria definitivamente desativado, finalizando todo o processo de migração.

Assim foi traçado um plano Ideal, e definido que até o ano 2010 os endereçamentos IPv4 seriam desativados frente ao funcionamento dos novos endereços IPv6, tendo como base o crescimento da Internet a fim de se evitar um colapso.

Porém na realidade esse plano não se concretizou devido ao impasse entre os Provedores de Conteúdo e provedores de Acesso a Internet. Onde o argumento dos provedores de conteúdo se baseava no fato de não haver infraestrutura IPv6 por parte dos Provedores de Acesso, por isso ainda não justificava investimentos num primeiro momento para disponibilizar conteúdo para a plataforma IPv6.

Já o argumento dos Provedores de Aceso seria o contrário, ou seja, não fariam investimento em infraestrutura porque não havia conteúdo para trafegar nesta nova rede.

E assim para acabar com esse impasse vem ocorrendo diversos eventos pelo mundo, com o intuito de trazer a tona os riscos da não implantação do novo protocolo IPv6.

A Internet esta crescendo a passos largos frente ao esgotamento mundial de endereços IPv4, e se não houver uma adesão maciça do novo protocolo IPv6, haverá um grande prejuízo, como a diminuição do processo de inclusão digital, dificuldade de surgir novas aplicações e redes.




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